I – Perspectiva
Escolástica e Perspectiva Holístico-existêncial
Na Idade Média o pensamento dos autores
cristãos cristalisou-se no que denominamos de filosofia escolástica. O
predomínio deste modo de pensar foi tão grande a ponto de tornar-se,
principalmente em sua vertente tomísta, no pensamento oficial da Igreja. A
partir de então tudo o que se escreveu quer em teologia moral ou dogmática,
quer nas interpretações escriturísticas ou sobre qualquer outro assunto
utilisava-se conceitos e definições da filosofia tomista, nos quais se baseava o
raciocínio.
A partir da Idade Moderna, diferentes
filósofos elaboraram novas filosofias para explicar a realidade e a história,
fazendo com que a filosofia escolástica perdesse sua importância e permanecesse
apenas como uma realidade histórica, que não teria outro valor senão o ter
exercido importante papel na interpretação e na orientação dos acontecimentos
de uma determinada época; a medieval.
No entanto, na Igreja a filosofia
escolástica e principalmente a tomista continua viva na interpretação e na
defesa dos acontecimentos e dos valores religiosos propugnados pelo
catolicismo. Mas, nem todos os fiéis ao declarar sua fidelidade a Cristo e a
Igreja se restringem em seu pensar à filosofia escolástica. Ao contrário,
Descartes, Pascal, Marcel, Mounier, Blondel, Peguy e muitos outros continuam
cristãos propugnando filosofias não-escolásticas.
A filosofia escolástica, herdeira da
filosofia grega elabora um sistema de conceitos, no qual encontramos as noções
de ser e não-ser, de essência e existência, de substância e acidentes e,
partindo dessas noções e com uma lógica bem elaborada, porém abstrata,
interpreta e analisa todos os acontecimentos que se lhe apresentam inclusive os
acontecimentos de natureza mística ou espiritual. É com esta perspectiva que os
escolásticos estudam, analisam e descrevem as realidades do Corpo Místico e dos
Sacramentos.
Por outro lado, numa perspectiva
holístico-existêncial privilegia-se o diálogo, o relacionar-se que nos coloca
em contato existencial com a realidade a ser vivida. Em nosso caso, a realidade
do Corpo Místico e dos Sacramentos.
Nesta perspectiva o importante não é,
portanto o conhecimento abstrato do fato, mas o estarmos inseridos no mesmo,
holístico e existencialmente. Holístico pelo sentido de totalidade que deve se
fazer presente em todas as nossas vivências, existencialmente por participarmos
dialogicamente da realidade que experimentamos.
Na perspectiva Holístico-existêncial o
importante não é conhecermos o que uma determinada realidade é, mas, o
experimentar o próprio realizar-se desta realidade.
Antes de prosseguirmos com nosso estudo,
gostaria de, num rápido sobrevôo, focalizar alguns tópicos que servirão como
introdução para nossas considerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário