1.
O
sujeito e o objeto
a)
Na filosofia greco-romana
Os primeiros filósofos perante a
realidade dos seres que percebiam com os seus sentidos, admirados e curiosos,
os indagavam sobre sua natureza e sua origem. A preocupação destes primeiros
filósofos era de caráter, antes cosmológico do que ontológico. O importante era
o objeto a ser conhecido, fosse um simples objeto ou o conjunto de todos eles,
o Cosmo.
Após os pré-socráticos, (não nos cabe
aqui estuda-los, nem analisá-los), com os sofistas e Sócrates, o homem passou a
ser o centro das investigações filosóficas. Mas, mesmo neste caso o objeto
continuava a ser mais importante que o sujeito, pois o homem era visto como um
ente entre os demais entes, embora um ente com características especiais como o
de ser capaz de conhecer, mas sempre um ente a ser estudado.
Para Platão a realidade dos objetos
materiais, aqueles conhecidos pelos sentidos é ilusória, apenas o mundo das
idéias é real. Também em Platão a relação sujeito-objeto tem sua primazia no
aspecto objetivo, apenas que não mais objetos físicos, mas objetos ideais. Em
Aristóteles é ainda mais clara a preeminência do objeto em relação ao sujeito,
pois como sabemos para o estagirista o universal está realizado na coisa, não
existe independentemente desta.
O mesmo sucede com os filósofos
pós-aristotélicos, pois quando tratam da natureza sempre privilegiam o objeto
em relação ao sujeito. Há exceções, mas em geral toda a filosofia greco-romana
tem sua ênfase no objeto.
b) – Na filosofia escolástica
Na filosofia da Idade Média e em
especial na filosofia escolástica, no que diz respeito a relação
sujeito-objeto, não há grandes novidades. O objeto continua a ser estudado com
mais atenção que o sujeito, principalmente nos temas cosmológicos.
Uma grande mudança de perspectiva
aconteceu quando da teodicéia. Neste caso em que se considera Deus e sua ação
no mundo, o sujeito é privilegiado. Mas, este sujeito é o próprio Deus criador
e providente. Deus em nenhuma hipótese pode ser tratado como objeto, nem quando
estudado em si mesmo, nem em suas relações com o Universo ou com o homem.
Encontramos entre os autores
medievais alguns poucos exemplos de escritos que relatam de maneira concreta o
relacionamento do homem com Deus. Dentre estes escritos destacamos a notável
obra de Agostinho de Hipona “Confissões”.
Da mesma maneira que na filosofia
greco-romana, a filosofia medieval põe sua ênfase nos objetos, não obstante a
controvérsia que se travou entre realistas, conceitualistas e nominalistas.
c)
– Na filosofia moderna
A época moderna foi pródiga no
surgimento de muitos filósofos e com eles outras tantas filosofias.
Distanciava-se da escolástica. Novas interpretações da realidade propiciavam
diferentes respostas às questões que eram colocadas pela filosofia.
Com relação a relação
sujeito-objeto, alguns continuavam a enfatizar o papel do objeto, enquanto que
outros passaram a dar ênfase ao sujeito.
Dentre os primeiros gostaríamos de
citar Francis Bacon, Galileu Galilei, Isaac Newton, John Locke e todos os
filósofos empiristas; citaremos também David Hume, Jean-Jaques Rousseau,
Auguste Conte, Karl Marx e muitos outros.
Foi Renee Descartes quem primeiro
colocou a ênfase no sujeito quando afirmou sua celebre frase Cogito, ergo sum.
Muitos o seguiram, entre outros destacamos Baruch Spinoza, Nicolas Malebranche,
Gottfried Wilhelm Leibnz Mas, foi com Immanuel Kant e os idealistas alemães
tais como G.W. Friedrich Hegel, J.G. Fichte, F.W.J. Shelling e Arthur
Schoppenhauer que a opção por focalizar preferencialmente o sujeito em relação
ao objeto foi consolidada. A partir de então e, ainda hoje os pensadores optam
ou por enfatizar o sujeito ou por enfatizar o objeto na relação sujeito-objeto.
Esta escolha traz grandes diferenças
entre as filosofias, mas há ainda outra opção, a de privilegiar a relação, o
dialogar. Esta opção torna-se mais comum
nos dias de hoje e determina uma nova maneira de pensar. Esta é a opção que
privilegia a totalidade, por isso holística, e parte da experiência vivida e
não de conceitos abstratos, por isso existencial. Dentre os pensadores que em
seu pensar, escolheram esta opção podemos citar entre outros Blaise Pascal,
Soren Kierkgaard, Martin Heidegger, Karl Jaspers, Jean-Paul Sartre, Emanuel
Mounier e Albert Camus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário