2,-Batismo – Um novo nascimento
“O santo
batismo é o fundamento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito e a
porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo batismo somos libertados
do pecado e regenerados como filhos de Deus. Tornando-nos membros de Cristo,
somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão... (Catecismo
da Igreja Católica – nº 1213.)”.
Os
momentos mais importantes da vida humana são marcados por solenidades e
celebrações estabelecidas para tornar estes momentos inesquecíveis. Na vida
social, com referência a cada indivíduo temos as festas de aniversário, as
solenidades de formatura de diferentes etapas da formação, o casamento, a
vitória ou pelo menos a participação em uma competição esportiva ou cultural e
muitas outras. Com referência à própria vida da sociedade; os feriados nacionais,
em que se comemoram fatos e acontecimentos importantes na vida de cada nação, e
as festas populares, tais como o carnaval, a passagem do ano e as festas
juninas.
O mesmo
acontece na vida religiosa ou espiritual: o ingresso de uma pessoa numa
determinada igreja é sempre ocasião para solenidades rituais da maior
importância, importante também são os rituais quando a criança ou o adolescente
atinge a idade adulta e assume suas responsabilidades perante a comunidade, que
nas religiões mitológicas são chamados ritos de passagem; do mesmo modo pode-se
constatar a existência de rituais por ocasião do matrimônio, da ordenação
sacerdotal e dos ritos fúnebres. Na Igreja Católica e nas demais igrejas
cristãs, é através do batismo que o crente tem início em sua caminhada
espiritual e é inserido no Corpo Místico de Cristo. “Este sacramento é também
chamado ‘o banho da regeneração e da
renovação no Espírito Santo’ (Tt3, 5), pois ele significa e realiza este
nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jô 3,5).” (Catecismo da
Igreja Católica - nº1215.
Sendo o
batismo necessário para a salvação, pois é através do batismo que somos
incorporados ao Corpo Místico e, sendo necessário que nossa adesão ao batismo,
o seja livre e consciente duas dificuldades se nos apresentam: primeiro com
relação ao batismo de crianças e segundo com referência aos justos do AT e de
outras religiões, bem como àqueles que sem culpa própria não foram batizados.
A
primeira dificuldade nos vem de algumas igrejas co-irmãs que não aceitam o
batismo de crianças, porque quando um adulto é batizado ele o é depois de um
longo período de preparação a que se dá o nome de catecumenato. Mas, se é verdade
que a criança em sua primeira infância não está capacitada a compreender a
importância do batismo, é verdade também que ela não é capaz de perceber a
necessidade de medicar-se, quando doente e de muitas outras necessidades
naturais. Os pais não irão deixá-las abandonadas a sua própria sorte. No
batismo de crianças pais e padrinhos assumem as promessas batismais em nome do
batizando. Assim também, sabendo da importância do batismo para a vida
espiritual, seus pais irão com presteza procurar a Igreja para que seu filho
seja batizado, responsabilizando-se junto com os padrinhos pela sua educação
cristã. Cabe aos pais e aos padrinhos se prepararem convenientemente para tão
sublime missão.
Com
relação a segunda dificuldade, a Igreja nos ensina a existência do batismo de
sangue e do batismo de desejo que de certa forma suprem a ausência do batismo
sacramental.
Temos o
batismo de sangue quando uma pessoa não batizada converte-se à Fé cristã e,
antes que possa receber o batismo, é martirizada. O batismo de desejo pode ser
explicito ou implícito: explícito, quando uma determinada pessoa expressa
claramente o desejo de ser batizada, mas vem a morrer antes que o batismo
aconteça; implícito, em outras circunstâncias em que esse desejo não foi
explicitado.
Para
termos o batismo de desejo implícito é necessário que o determinado indivíduo
não tenha conhecimento da necessidade do batismo para sua vida espiritual por
pertencer a outras religiões, por residir em regiões remotas ou, por
deficiência em seu aprendizado catequético. É, também, necessário que esteja
disponível a realizar a vontade de Deus em tudo o que seja necessário para
permanecer inserido no Corpo Místico de Cristo.
Pelo
Batismo participamos da morte e ressurreição de Cristo. O simbolismo da água
nos deixa clara esta dupla participação; em cerimônias realizadas na
antiguidade e em algumas denominações evangélicas, o batizando ao ser batizado
é mergulhado nas águas de um rio, enquanto a fórmula batismal é pronunciada;
pela imersão temos representada nossa participação na morte de Cristo, morrendo
para o pecado, ao sair da água, já liberto do pecado temos o homem novo que
ressurge com Cristo para uma vida nova. Embora quando o batismo se dá apenas
com o derramamento da água sobre a cabeça do batizando, não sendo tão visível
como no caso da imersão, o simbolismo é o mesmo. A água que traz a morte ao
pecador, traz a vida nova (ressuscita) o santo. No batismo somos sepultados com
Cristo, para com Ele ressuscitarmos para a vida eterna.
Pelo batismo
tornamo-nos partícipes da morte de Cristo;
pelo batismo recebemos em nossa alma a visita do Espírito Santo que a
transforma em Templo para a habitação da Santíssima Trindade; pelo batismo
somos feito participantes do Corpo Místico; finalmente, pelo batismo somos
marcados pelo caráter sacramental que nos acompanhará por toda a eternidade.
João
Batista batizava com água, Cristo batiza no Espírito Santo e no fogo. Quando o
sacerdote batiza é Cristo quem batiza, através do sacerdote.
O batismo
deixa em nossas almas marca indestrutível que continuará a assinalar nossa
reincorporação sacramental no Corpo Místico, mesmo que tenhamos decidido nossa
exclusão do mesmo. O sacramento do batismo é ministrado em determinado momento
de nossa existência temporal, mas desde esse momento seu caráter permanece em
nos por toda a eternidade.
O batismo
sacramental além de nos incorporar a Cristo, nos torna também partícipes em seu
sacerdócio, tornando-nos capazes de merecermos para nossos irmãos aquelas
graças necessárias para sua reincorporação no Corpo Místico através dos
batismos de sangue ou de desejo.
A
santificação de um membro de Cristo atrai as graças para a santificação de
muitos outros, independente das distâncias espaciais ou temporais que os
separam. Quem sabe, quantos não são aqueles convertidos a Cristo, de modo
invisível e eterno em países pagãos e mesmo em épocas anteriores a Cristo, em
virtude de atos meritórios praticados por aqueles que através do batismo,
participam do sacerdócio de Cristo?
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