11– Corpo Místico e Escatologia

11– Corpo Místico e Escatologia

A morte é uma realidade trágica e inevitável mas, o desejo pela  sobrevivência, por alcançar a imortalidade é um desejo universal.
           Sendo o homem um ser espírito-corporal que se realiza em sua existência histórica criando e definindo sua própria identidade pessoal e, estando inserido, por sua misticidade, no todo místico almeja a imortalidade.
        Ao considerar a própria morte, acontecimento ao mesmo tempo trágico e inevitável, o homem espera alcançar a imortalidade, permanecendo com vida, embora esta vida possa ter diferentes características. 
        Não satisfaz o perpetuar-se através de suas obras ou, na memória daqueles que o amavam ou, simplesmente o conheceram. Porque o que permanece e, nem sempre por muito tempo, são seus feitos e suas recordações, não sua pessoa.
        Não satisfaz também a sobrevivência de sua parte espiritual, ou seja, sua alma, porque no homem, a dimensão espiritual não pode se separar da dimensão corporal, pois as duas estão unidas indissoluvelmente e, sua separação seria a destruição do próprio homem.
         Acreditar unicamente na imortalidade da alma, enquanto o corpo se decomporia, que iria se reencarnar em outros corpos não soluciona o problema da sobrevivência, pois cada vez que se verificasse a reencarnação teríamos o nascimento de uma nova pessoa que deveria ser realizada por atos livres e conscientes. Não seria o mesmo homem que continuaria a existir.
         Da mesma maneira, afirmar que com a morte deixaríamos esta existência histórico-temporal e seríamos imersos no Todo do qual procedêramos, não nos convence, pois seria uma sobrevivência impessoal, não a sobrevivência da pessoa que construímos durante toda nossa vida com nossos atos livres e conscientes.
        Agora, como membros do Corpo Místico, dotados de misticidade, o que realizamos no histórico-temporal,quando atos decisivos, possuem também uma dimensão mística, que tornam estes mesmos atos, também, realizados no eterno.
        Pelo que vimos acima “a eternidade é uma presença total e eterna, concentrando em si a imensidade espacial e a duração infinita”, assim a própria morte que é o ato decisivo, no qual prestamos conta de toda nossa vida, realiza-se também na Eternidade, mantendo nossa pessoa na vida e na existência.
        Assim podemos concluir que no seio do Corpo Místico de Cristo a imortalidade da pessoa (espírito e corpo) é uma realidade no presente eterno. Os membros do Corpo Místico podem Esperar e Acreditar no Mistério do Amor que escatologicamente nos garante a imortalidade.
          Inspirando-nos em Marco Aurélio, imperador romano e sábio estóico; perante o inevitável da própria morte podemos dizer quetudo devemos receber com amor, inclusive a morte”.



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