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Corpo Místico e Escatologia
A morte é uma realidade trágica e
inevitável mas, o desejo pela
sobrevivência, por alcançar a imortalidade é um desejo universal.
Sendo o homem um ser espírito-corporal que se realiza em sua
existência histórica criando e definindo sua própria identidade pessoal e,
estando inserido, por sua misticidade, no todo místico almeja a imortalidade.
Ao considerar a
própria morte, acontecimento ao mesmo tempo trágico e inevitável, o homem
espera alcançar a imortalidade, permanecendo com vida, embora esta vida possa
ter diferentes características.
Não satisfaz o perpetuar-se
através de suas obras ou, na memória daqueles que o amavam ou, simplesmente o
conheceram. Porque o que permanece e, nem sempre por muito tempo, são seus
feitos e suas recordações, não sua pessoa.
Não satisfaz também
a sobrevivência de sua parte espiritual, ou seja, sua alma, porque no homem, a
dimensão espiritual não pode se separar da dimensão corporal, pois as duas
estão unidas indissoluvelmente e, sua separação seria a destruição do próprio
homem.
Acreditar
unicamente na imortalidade da alma, enquanto o corpo se decomporia, que iria se
reencarnar em outros corpos não soluciona o problema da sobrevivência, pois
cada vez que se verificasse a reencarnação teríamos o nascimento de uma nova
pessoa que deveria ser realizada por atos livres e conscientes. Não seria o
mesmo homem que continuaria a existir.
Da mesma maneira,
afirmar que com a morte deixaríamos esta existência histórico-temporal e
seríamos imersos no Todo do qual procedêramos, não nos convence, pois seria uma
sobrevivência impessoal, não a sobrevivência da pessoa que construímos durante
toda nossa vida com nossos atos livres e conscientes.
Agora, como membros
do Corpo Místico, dotados de misticidade, o que realizamos no
histórico-temporal,quando atos decisivos, possuem também uma dimensão mística,
que tornam estes mesmos atos, também, realizados no eterno.
Pelo que vimos acima
“a eternidade é uma presença total e eterna, concentrando em si a imensidade
espacial e a duração infinita”, assim a própria morte que é o ato decisivo, no
qual prestamos conta de toda nossa vida, realiza-se também na Eternidade,
mantendo nossa pessoa na vida e na existência.
Assim podemos concluir que no seio do Corpo Místico de Cristo a
imortalidade da pessoa (espírito e corpo) é uma realidade no presente eterno.
Os membros do Corpo Místico podem Esperar e Acreditar no Mistério do Amor que
escatologicamente nos garante a imortalidade.
Inspirando-nos em
Marco Aurélio , imperador romano e sábio estóico; perante o
inevitável da própria morte podemos dizer que “tudo devemos receber com amor,
inclusive a morte”.
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