8, - O Sacramento do Matrimônio

8, - O Sacramento do Matrimônio

           “A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é orientada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e a geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Cristo Senhor.” (Catecismo da Igreja Católica nº. 1601)
           Quando após um período de namoro ou noivado, no qual procuram se conhecer, decidem se unir para iniciar uma vida a dois; uns se unem simplesmente, sem se preocuparem com qualquer vínculo ou qualquer cerimônia, é o caso dos juntados ou amigados; outros decidem apenas pelo casamento civil e, esta união é regida por um contrato social e por leis do estado; outros, porém, desejam que seu casamento se realize na Igreja e este adquire uma dimensão religiosa e deve seguir as suas leis.
              Neste último grupo de pessoas podemos distinguir entre aqueles que só procuram o casamento religioso por tradição, pela cerimônia religiosa ou por seu aspecto social; e outros que estão realmente interessados no aspecto sacramental do matrimônio. É  somente sobre estes que gostaríamos de dirigir nossa reflexão.
               O matrimônio sacramental une os nubentes não apenas no aspecto contratual do mútuo juramento de amor que pronunciam diante do altar, mas, também, une-os misticamente no seio do Corpo Místico, passando a participar no mesmo não só  individualmente, mas como casal, unidos indissoluvelmente pelo vínculo matrimonial.    
                 A cerimônia do matrimônio, na qual os noivos fazem sua promessa de amor mútuo e de fidelidade, prometendo também viver no seio da Igreja, seguindo seus mandamentos e suas leis; não é um ato que cumpre toda sua finalidade ao encerar-se a liturgia, mas é o início do casamento cristão.
                 Para os cristãos conscientes o casamento tem seu início perante o altar, mas dura todo o tempo em que os dois esposos viverem. A primeira e mais importante missão do casal cristão é construir um lar onde reine o amor e a fé, aonde os filhos que vierem a gerar ou a adotar, possam encontrar um ambiente propício para darem os primeiros passos no viver cristão.

              Quatro, segundo Gustave Thibon, são os pilares que permitem ao casal uma vida longa, feliz e fiel. Estas colunas são as seguintes:
              1.- Atração sexual; no casamento o sexo é importante e quando a atração cessa logo o casamento se desfaz ou dá lugar para traições ou ainda torna o relacionamento entre os esposos insípido e rotineiro.
              2.- A amizade; no início do casamento a atração sexual é mais forte, mas com o passar dos anos e com o envelhecimento dos esposos ela tende a enfraquecer-se, daí a importância de que a amizade cresça e se torne sólida. Para que isto aconteça é preciso que cada um dos esposos procure conhecer melhor o outro, conhecendo seus gostos e desgostos e procurando se interessar pelos interesses do companheiro. O diálogo freqüente e amoroso é muito importante para a vida e o bom entendimento do casal.
             3.- A Oração; não existe vida cristã sem a oração. A oração é o alimento da família cristã; pode ser uma oração formal e mais elaborada, pode ser informal, o importante é que a família se reúna para rezar. Sim, não basta que os membros da família tenham suas orações particulares; é importante que em pelo menos algumas ocasiões toda a família reze junto.
            A iniciativa pelas orações pertence ao casal, mas todos, os filhos e as demais pessoas que pertençam a uma determinada família devem participar. Semanalmente, não se pode esquecer da participação na eucaristia; assim como o corpo necessita do alimento material, o espírito necessita do espiritual. Para a família é importante a comunhão eucarística.
              4.- O espírito de sacrifício e de renúncia; pode acontecer que por motivo diversos, uma grave enfermidade por exemplo, um dos esposos não possa participar como seria desejado das atividades familiares, neste caso necessita de atenção redobrada e o outro membro deve estar disposto a sacrificar ou mesmo renunciar seus próprios interesses e objetivos. O mesmo também deve acontecer quando a necessidade de carinho e atenção especial for de outro membro da família, um filho, por exemplo.
              Não se esquecendo de ao viver observar estes quatro pilares, o casal conseguirá para si e para seus familiares uma vida mais feliz e mais próxima de Deus.
              Ao construir um novo lar, os esposos estão contribuindo para o crescimento do Corpo Místico de Cristo, pois a família é a célula básica deste grande edifício que é a Igreja.
               A família cristã é uma autêntica igrejinha, a igreja doméstica. Nela, os pais ocupam o lugar de sacerdotes; abençoam os filhos, abençoam as refeições, presidem quando presentes as orações e, tornam sua própria casa abençoada por seu exemplo de vida. Muito importante é a tarefa de catequistas que os pais desempenham quando ensinam seus filhos sobre as coisas de Deus e, quando pelo exemplo praticam os mandamentos de Cristo e os conselhos evangélicos.
               Na autêntica família cristã tudo se faz baseado nas virtudes teologais; da fé, da esperança e da caridade.
               No relacionamento entre os diversos membros de uma família deve haver equilíbrio e respeito de uns para com os outros, aqui vamos pedir ajuda a São Paulo. Na Epístola aos Efésios, nos ensina:
               “Sejam submissos uns aos outros no temor a Cristo”.
               Mulheres sejam submissas as seus maridos, como ao Senhor. De fato, o marido é a cabeça de sua esposa, assim como Cristo, salvador do Corpo, é a cabeça da Igreja.
              Maridos amem suas mulheres, como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela. (...) Portanto, os maridos devem amar as mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, está amando a si mesmo. Ninguém odeia a sua própria carne; pelo contrario, a nutre e dela cuida, como Cristo faz com a Igreja, porque somos membros do corpo dele. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Esse mistério é grande: eu me refiro a Cristo e à Igreja. Portanto, cada um de vocês ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.
              Filhos obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. ‘Honre seu pai e sua mãe’ é o primeiro mandamento, e vem acompanhado de uma promessa para que você seja feliz e tenha uma vida longa sobre a terra.
             “Pais, não dêem aos filhos motivos de revolta contra vocês; criem os filhos, educando-os e corrigindo-os como quer o Senhor.” (Ef.5-21,33;6-1,4).
              Esta longa citação de São Paulo, além de mostrar o equilíbrio que deve existir entre os membros de uma família, equilíbrio enraizado no amor e no respeito, mostra-nos também o relacionamento da família cristã com o Corpo Místico de Cristo. É esta dimensão mística que diferencia a união sacramental das outras formas de união entre homem e mulher.
               O sacramento do matrimônio atrai para os noivos as bênçãos e a graça do próprio Espírito Santo, o que traz ao matrimônio cristão um valor incomparável e extraordinário, mas não pode ser encarado de maneira leviana e superficial, pois a Ele se agrega uma grande responsabilidade.
                Pelo sacramental a união entre os esposos adquire uma dimensão mística e o que poderia ser apenas um acontecimento de natureza jurídica e temporal, passa a ter significado eterno; o matrimônio cristão sendo considerado como uma Igreja doméstica o é principalmente em suas relações com o corpo místico; a ligação com a Igreja institucional e jurídica, além de mais fraca é externa e superficial, em relação ao seu aspecto místico é profunda e, estando inserida no Corpo Místico pode contribuir para ou, prejudicar a livre circulação da Graça entre seus membros, dependendo da correspondência do casal aos seus compromissos matrimoniais.

                   Noivos cristãos para sua união exijam o casamento sacramental, mas estejam cientes de seus compromissos e cumpra-os até o final da vida. Seu cumprimento ser-lhe-á cobrado na Eternidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário